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Imagem
O livro Eustáquio neves: sujeito fotográfico aborda o processo de criação de um artista que transita por diversas linguagens – transpõe a fotografia às artes visuais e vice-versa, e cuja obra trata do Brasil, de sua história violenta e dos que foram silenciados por ela. Martinelli conta que chegou ao trabalho de Eustáquio Neves a partir de uma conversa com uma grande amiga sobre artistas que evitam o tecnicismo na fotografia. Depois, ela o visitou no ateliê, onde teve acesso a seus arquivos da criação. Ela conta que sempre teve um certo incômodo em relação ao formalismo das análises acadêmicas sobre arte, ao tecnicismo e à ideia de ‘imagem pela imagem’ e, por isso, foi um alívio encontrar a teoria da criação de Cecília Salles, que considera o sujeito-autor ao mesmo tempo em que desmistifica a criação; que reconhece erros, acasos e interações das mais diversas – com interlocutores, com os materiais e com as linguagens – como integrantes do processo e substrato daquilo que vemos e chamamos de obra. Entre os principais pontos investigados por Martinelli no livro, está a intersecção entre a imagem e os processos de criação: “Todos nós produzimos imagens – seja na comunicação utilitária da rotina ou em ateliês. Algumas dessas imagens, aquelas que se encaixam em um local específico do ideário social, recebem o nome de arte. No entanto, todas elas medeiam nosso contato com a realidade e são, em última análise, mosaicos daquilo que nos constitui, nossos conflitos, desejos e, também, o conteúdo inconsciente”. Colaboram para a reflexão que o livro tece acerca da imagem também autores como Sigmund Freud, Jeanne-Marie Gagnebin, Georges Didi-Huberman, Aby Warburg e Walter Benjamin.